8.31.2008

Para Além...Da Ilha Da Madeira...


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Para Além...Da Ilha Da Madeira...


Porto Santo quer ser um

dos geoparques da UNESCO

A ilha do Porto Santo está a preparar a candidatura a geoparque no âmbito da Unesco, que deverá estar concluída no início do próximo ano. Mário Cachão, da Universidade de Lisboa, orientador científico do projecto, afirmou que o interesse geológico do Porto Santo está a ser trabalhado há mais de uma década, mas que só no último ano este projecto tomou forma com o apoio da câmara municipal da ilha. (Lusa/siconline)

"Neste momento, do ponto de vista académico, a situação está desenvolvida e estamos numa fase de contactos com os privados, visto que é necessário encontrar parceiros que permitam concretizar o objectivo do desenvolvimento sustentado da ilha", diz Mário Cachão, garantindo que existe uma "reacção positiva, uma aceitação tácita". O especialista considera que, à semelhança do que acontece com a ilha da Madeira que tem a floresta laurissilva considerada património mundial, a figura do geoparque "é uma forma de o Porto Santo ser reconhecido pela Unesco". Um geoparque é definido como "um território de limites bem definidos com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento sócio-económico local" e "deve abranger um determinado número de sítios geológicos de relevo ou um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza que seja representativa de uma região ou da sua história geológica, eventos e processos".

Valorização do eco-turismo

Para poder integrar esta rede, a candidatura deve demonstrar, entre outros aspectos, que tem um património geológico de nível internacional, que já está a ser utilizado para promover o desenvolvimento sustentável da comunidade, através do turismo. Mário Cachão sustenta que a valorização da formação de base geológica "está ainda atrasada", destacando que o Porto Santo tem 14 locais inventariados, que são conhecidos, "mas as pessoas costumam estar de costas voltadas para as rochas". "Não há grandes novidades em termos de locais, esses 'geomonumentos' são conhecidos, falta agora é entendê-los e o desafio principal é descodificar a mensagem das rochas. Queremos divulgar essa informação e transformar esse aspecto numa mais-valia para o desenvolvimento sustentado da ilha", explicou. "A perspectiva não é só proteger esses locais mas torná-los num motor de desenvolvimento, através do geoturismo e do turismo de natureza, através de uma oferta diversificada, contribuindo para diminuir a grande pressão da sazonalidade turística do Porto Santo", defendeu. Mário Cachão acrescentou que gostaria de ver divulgada a decisão da candidatura do Porto Santo no VIII Encontro Europeu de Geoparques que decorrerá em Setembro, em Portugal, admitindo ser "impossível garantir que tal aconteça porque há vários candidatos, de muitos países, porque os geoparques estão a crescer, evidenciando uma dinâmica notável". Sobre o interesse desta candidatura, o presidente da Câmara Municipal da Ilha Dourada, Roberto Silva, em declarações à Lusa salientou que "o Porto Santo, a nível geológico, tem património único a nível mundial". O autarca destaca que existem 53 geoparques a nível mundial, que trabalham todos em rede, pelo que "quem visita um tem conhecimento dos outros que existem no mundo". "Isso é importante, vem não só valorizar o que temos de bom, mas fazer com que pessoas venham ao Porto Santo conhecer a riqueza geológica que a ilha tem", argumenta.

Os geomonumentos da ilha

De acordo com os especialistas, o Porto Santo tem características que o tornam um lugar único devido a três "heranças": vulcânica (que lhe deu uma riqueza de tipos rochosos); marinha tropical no decurso da transição de montanha submarina para ilha, e éolica glacial que resulta de extensas acumulações de areias biogénicas, com massas de fósseis terrestres e de aves. Os seus "geomonumentos", casos da disjunção prismática do Pico de Ana Ferreira (uma antiga pedreira), o conjunto de filões dos Morenos e do porto das Salemas, as brechas submarinas do Pico da Cabrita, os recifes fósseis, as galerias e ranchos do ilhéu da Cal, os túneis de lava da Pedra do Sol, os terraços marinhos do último interglaciar no Calhau da Serra de Fora e Fontinha) são alguns exemplos de entidades geológias perenes e fiáveis que podem ser visitadas em qualquer altura do ano. A candidatura a geoparque da Unesco está integrada na estratégia de desenvolvimento sustentado da ilha através do turismo de natureza, permitindo garantir a prossecução de práticas ambientais e valorização do património natural existente, estimulando a actividade económica. Com esta candidatura, o Porto Santo pretende reforçar o seu projecto de reconhecimento a nível internacional como "nova centralidade turística" de qualidade.


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