5.27.2008

...Para Além...do medo...


...Para Além... do medo...


Era minha ideia fazer deste caderno um lugar de apontamentos no sentido in/diverso da corrente desesperadamente negra e negativa que perpassa nos noticiários, seja qual for o seu formato de apresentação.

O seu desígnio como repositório de contra-notícias viu-se no entanto, ultrapassado por causas que de longe ultrapassam disposições, sejam de quem for. E hoje dou a vez a Suu Kyi, pois a Junta Militar de Myanmar (antiga Birmânia) prolongou hoje, após cinco anos de confinamento, a prisão domiciliária de Aung San Suu Kyi, Nobel da Paz e líder do movimento democrático do país.

Suu Kyi foi informada da decisão do Governo de prolongar por mais um ano a sua ordem de detenção durante a visita que recebeu de um grupo de funcionários do Ministério do Interior, algumas horas antes do horário previsto para expirar a medida.

O regime militar, presidido pelo general Than Shwe, aplicou novamente a Suu Kyi a acta de segurança 10-B, que estabelece um período de detenção de cinco anos sem necessidade de julgamento, embora possa ser prorrogada por mais seis meses ou um ano, indicaram fontes da Liga Nacional pela Democracia (LND).

Em 1990 foi negada ao partido então liderado por Suu Kyi a tomada de poder após as eleições que o deram como vencedor.

Os generais renovaram periodicamente, durante todos os anos que se passaram, a prisão domicilária de Suu Kyi, que tem passado confinada já treze dos últimos dezoito anos.

O prolongamento da detenção de Suu Kyi foi adoptado pelo regime militar depois de a comunidade internacional se ter comprometido a doar dezenas de milhões de dólares a Myanmar para ajudar as populações afectadas pela passagem do ciclone Nargis.

O regime militar, criticado por impedir a entrada da ajuda internacional para os desalojados da área do delta do rio Irawaddy, decidiu permitir a entrada de alguns voluntários na região onde morreram e desapareceram cerca de 134 mil pessoas.

O prolongamento da prisão de Suu Kyi é anunciado pouco depois da realização das duas prévias do referendo sobre a Constituição, que, segundo a Junta Militar, recebeu o apoio de mais de 92% dos birmaneses com direito a voto.

A nova constituição amnistia os militares de qualquer crime que estes possam ter cometido no passado, e reserva para os generais 25% dos assentos em ambas as Câmaras do Legislativo - uma proporção suficiente para impedir a aprovação de qualquer emenda constitucional que lhes desagrade.
A constituição também proíbe que Suu Kyi, por ser viúva de um estrangeiro, possa candidatar-se nas eleições legislativas que a Junta Militar planeia realizar em 2010.


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