6.22.2008

Para Além... da Esperança...


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Para Além... da Esperança...



"Doença dos pezinhos"

Descoberta portuguesa de um novo medicamento abre esperança a tratamento e prevenção da doença.

Investigadores portugueses descobriram que um composto da bílis pode dar novas esperanças ao tratamento e prevenção da paramiloidose familiar, ou "doença dos pezinhos", uma doença neurológica rara e hereditária ainda sem cura. As e
speras são de 4 anos para transplante renal.

Portugueses descobrem medicamento que pode tratar a "doença dos pezinhos"
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Num estudo aceite para publicação pela revista BBA - Molecular Basis of Disease, a equipa da professora Maria João Saraiva, do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC.INEB) da Universidade do Porto, constatou que a administração de TUDCA, um ácido biliar produzido naturalmente no organismo, em ratinhos transgénicos reduz em 75% a formação de fibras amilóide. É a deposição destas fibras nos nervos periféricos que está na origem da perda de capacidades característica da doença, que tem início entre os 20 e os 35 anos e começa por se revelar com perda de sensibilidade térmica e dolorosa nos membros inferiores (daí o seu nome), acabando por ser fatal passados em média sete a dez anos.
A doença
A paramiloidose familiar resulta da alteração na estrutura da proteína TTR (transtirretina), devido a uma mutação no seu gene. Enquanto a TTR normal é solúvel no plasma e estável nos tecidos, a mutada é solúvel no plasma mas instável nos tecidos, levando à formação das fibras de amilóide, que se depositam um pouco por todo o organismo, causando morte celular. Os investigadores recorreram a modelos animais transgénicos que produzem a proteína TTR mutada, responsável pelo desenvolvimento da doença nos humanos, nos quais demonstraram os efeitos benéficos da administração da TUDCA, através da redução dos depósitos nocivos de TTR e de indicadores de morte celular que se registam na doença.
Transplante de fígado
As terapias convencionais consistem ou num transplante de fígado, que diminui o sofrimento mas não elimina os danos já causados ou a aparecer, ou em evitar a transformação da TTR mutada da sua forma solúvel e estável na sua forma instável - explicou Maria João Saraiva. "Outra alternativa é desagregar as fibras nos tecidos", assinalou, sendo esta uma linha de investigação que a sua equipa tem vindo a desenvolver desde 2003, primeiro in vitro e em tubos de ensaio, e a seguir em testes em modelos animais, com a demonstração de que as tetraciclinas, e em particular a doxiciclina, têm capacidade para desagregar fibras de TTR. "Esta observação foi capital para o desenvolvimento de ensaios clínicos, não só em doentes com paramiloidose familiar, que estão em curso em Itália, mas também noutras amiloidoses, tais como Alzheimer e diabetes de tipo II que afectam milhões de pessoas", afirmou a investigadora. A equipa está agora a testar em modelos animais a conjugação do tratamento de um desagregador de fibras e de um inibidor de fibras, com o intuito de verificar vantagens acrescidas na prevenção de deposição de TTR nos tecidos, segundo a investigadora.




Mais de 500 famílias afectadas
Dados conhecidos dão conta de que em Portugal há mais de 500 famílias afectadas e cerca de 2.000 doentes sintomáticos com paramiloidose familiar, cuja designação mais rigorosa é Polineuropatia Amiloidótica Familiar ou PAF. Doutorada em Ciências Biomédicas na Universidade do Porto, depois de ter feito um mestrado em Bioquímica na Universidade de Londres, Maria João Saraiva trabalhou nos Estados Unidos como cientista visitante nas Universidades de Columbia (Nova Iorque) e Harvard (Boston), tendo actividade científica descrita em cerca de 160 publicações em revistas internacionais. Maria João Saraiva é professora catedrática de Bioquímica no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Porto e dirige desde 1976 o grupo de Neurobiologia Molecular do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IMBC), da mesma universidade. O grupo estuda principalmente a bioquímica e a patologia molecular da PAF e da doença de Alzheimer, com vista a elucidar os mecanismos moleculares subjacentes às amiloidoses e ao desenvolvimento de vias terapêuticas no combate a estas doenças. (COMLusa)



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