7.06.2008

Para Além...Da Amazónia...


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Para Além...Da Amazónia...



...tribo indígena procura reconhecimento...



Por mediação de uma portuguesa
Uma antropóloga portuguesa viveu um ano com os índios Tupinambá, no Brasil, para fazer um estudo e acabou por estar na base da luta dessa população pelo reconhecimento da terra indígena
(Lusa)

Susana de Matos Viegas apresenta esta quinta-feira, em Lisboa, o livro "Terra Calada - Os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia", que resulta do estudo que fez desse grupo indígena, dois dias depois de ter sabido que a candidatura dos índios para o reconhecimento da sua terra foi aceite pelo Governo brasileiro.
Em declarações à Lus
a, disse estar satisfeita com o trabalho desenvolvido, que resultou da confiança que conseguiu transmitir e obter dos índios.
"Fui convidada por eles para fazer um estudo antropológico de identificação da terra indígena, para que pudessem concorrer junto da Fundação Nacional do Índio (FNAI), do Governo brasileiro, ao reconhecimento da terra", explicou a antropóloga.
De acordo com a professora n
o Instituto de Ciências Sociais, se o pedido for aceite pela FNAI, os índios não ficam proprietários da terra, mas têm direito ao seu usufruto.
"Fui das poucas estrangeiras que fiz isto. O trabalho decorreu entre 2003 e 2005, ano em que entreg
uei o relatório. A FNAI estava num período conturbado, pelo que só na terça-feira recebi a análise do relatório que deveria ter recebido dois meses depois de o ter entregue", explicou.
"No fundo, o trabalho que coordenei foi um estudo científico (que delimita uma área indígena) que serve de base a todo o processo jurídico que se segue. Passa a ser a base de defesa da FNAI para qualquer contestação que surja", acrescentou.
Susana de Matos Viegas chegou à região onde habitam os Tupinambá em 1997, e esteve durante um ano a viver com os índios, numa casa de barro, nas mesmas condições em que eles vivem.

O objectivo era estudar o movimento social dos índios, que vivem "bastante dispersos" num território com uma área de 50 hectares, e perceber as consequências dos sucessivos projectos civilizacionais - coloniais, nacionalistas ou missionários - de que foram alvo nos últimos quatro séculos.
"Acabei por desviar-me do estudo do movimento social em si e comecei a analisar como construíam a sua vida, bem como a sua relação histórica com os vários tipos de relação com o capitalismo, a religião católica, com a terra, o espaço, a mata os rios, etc", disse a antropóloga.
A especialista sublinhou que todo o processo de descoberta daquele povo "foi uma grande surpresa".
Os constantes movimentos de mudar de local de habitação (comum entre os índios Tupinambá, porque marca o fim de um ciclo de vida e o início de outro) e a dinâmica de parentesco foram alguns dos aspectos que mais marcaram a antropóloga.
"Por exemplo, quando um casal de separa, e há separações com alguma frequência, os filhos ficam na área de residência onde nasceram, pelo que ficam muitas vezes com o pai porque a mãe é que sai", explicou.
Susana de Matos Viegas disse ainda que os índios Tupinambá falam português, poucos sabem ler e começaram recentemente a preocupar-se com a educação das crianças.
"O Estado da Bahia construiu uma escola, onde fiz o lançamento do livro no Brasil, e que curiosamente foi construída no sítio onde estava a casa onde vivi. Há também uma carrinha que vai buscar as crianças às várias localidades, porque continuam muito dispersos", afirmou.

"Terra Calada" retrata experiências de vida dos índios Tupinambá de Olivença e vai ser apresentado na Livraria Almedina, em Lisboa.

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Para Além de ...ex-colonizador (e colonizado...)

...Portugal como mediador...

Ainda numa campanha internacional
.
em defesa da terra indígena:

(tribo Makuxi)

Índios brasileiros na A R, após visita ao Vaticano

Na véspera de se deslocarem a Portugal para divulgar a campanha de defesa do direito da terra «Anna Pata, Anna Yan» (Nossa Terra, Nossa Mãe) e denunciar as violações e crimes de que dizem ser alvo na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, Norte do Brasil, os dois delegados entregaram uma carta ao Pontífice apelando à sua intervenção no conflito. «Faremos tudo o possível para vos ajudar a protegerem as vossas terras», afirmou Bento XVI, durante o encontro que foi mantido em sigilo a pedido do Vaticano, segundo adiantou a mesma rádio. A reserva indígena da Raposa Serra do Sol tem sido alvo de disputa entre tribos indígenas e seis grandes fazendeiros, que ocupam cerca de seis mil hectares do território e se recusam a sair, considerando que os índios «apenas atrapalham o progresso». Jacir José de Souza, de 61 anos, da tribo Makuxi, e Pierlangela Cunha, de 32, da tribo Wapixana, coordenadora das escolas da reserva Raposa Serra do Sol, foram nomeados pelo Conselho Indígena de Roraima como representantes dos seus povos, e desde 16 de Junho viajam pela Europa para sensibilizar os governos e organizações para a sua causa. Foram recebidos terça-feira pelo secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz, D. Giampaolo Crepadi, que reconheceu o valor da luta e exemplo dos indígenas da região. «A Santa Sé vem a comprometer-se na defesa dos direitos dos povos indígenas, principalmente no que diz respeito à promoção humana, o reconhecimento de sua identidade cultural e a defesa do direito de propriedade intelectual», afirmou o responsável.Na segunda semana de Agosto, o Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF) deve decidir se é constitucional ou não a homologação das terras em área contínua, feita pelo presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, em 2005. Os delegados indígenas exigem que o STF ratifique o decreto de homologação e que faça cumprir a retirada dos agricultores, que «além da violência e intimidação» desenvolvem actividades com um «impacto ambiental altamente prejudicial na zona e nos recursos naturais dos índios», segundo disse à Lusa o padre Elísio Assunção, director da Fátima Missionária, que coordena a visita a Portugal. A reserva Raposa Terra do Sol, de 1,67 milhões de hectares, foi demarcada pelo Governo Federal após 30 anos de reivindicações dos quase 19.000 indígenas das tribos Macule, Wapixana, Taurepang, Patamona e Ingarikó, que habitam a zona. Na sua visita a Portugal _ que encerra o périplo pela Europa _ os líderes indígenas vão ser recebidos pela Comissão dos Negócios Estrangeiros, representantes dos grupos parlamentares, pelo embaixador do Brasil em Portugal e diferentes organizações da sociedade civil, segundo a organização. (Lusa/SOL)

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